Érick Jacquin, 55, chef de cozinha francês e naturalizado brasileiro, ficou conhecido pelo grande público através do MasterChef, reality show de gastronomia transmitido pela Band, no qual é júri do programa.
Pode-se dizer que esse trabalho foi um alívio para esse chef que é conhecido pelo seu humor e “braveza” no programa, pois foi com esse sucesso (e os demais subprodutos da fama, como palestras, comerciais e outros programas), apesar de seus dotes culinários indiscutíveis, que conseguiu pagar as dívidas (estima-se que elas superaram R$1 milhão) do seu antigo e falido restaurante, no qual possuía, também, diversos processos trabalhistas.
Após seis anos, decidiu abrir um novo restaurante, Président, com o seu sócio e empresário Orlando Leone.
Jacquin aprendeu, com a experiência do seu antigo restaurante, a lição de nunca mais lidar com a parte financeira ou de recursos humanos do negócio, deixando isso para Orlando.
Jacquin não economizou no investimento do Président, fazendo com que o seu sócio gastasse muito mais do que estava esperando, principalmente quando se refere aos equipamentos e utensílios da cozinha.
O cardápio do Président, como um autêntico restaurante francês, é recheado de foie gras, vieiras, caviar e trufas. Além dos pratos do a la carte, o menu conta com uma degustação com quatro ou mais pratos (a depender do chef) que sai a R$680,00, tem também o menu executivo (R$98,00) que é servido no almoço de terça a sexta, incluindo: entrada, prato principal e salada de frutas.
O restaurante que foi inaugurado em dezembro de 2019, teve que fechar as suas portas temporariamente devido ao isolamento social imposto pela nova pandemia do COVID-19.
O grande chefe e apresentador, deu uma entrevista para VEJA falando de sua preocupação com o atual momento em que estamos vivendo.
Como o senhor está se adaptando ao atual momento?
Sempre falei que nunca mais ia abrir um restaurante. Quando decidi investir em uma nova casa, tive que fechá-la depois de quatro meses por conta de uma crise como a do coronavírus. Mas eu não sou o único, não é só o meu restaurante. É economia do Brasil, do mundo. Tem gente que é a favor de trabalhar, tem quem é contra. Mas a proteção da população, das crianças, dos idosos, das pessoas, vem à frente de tudo. A gente não pode fazer as pessoas irem trabalhar e arriscar a saúde delas. Ao mesmo tempo, muitas pessoas precisam trabalhar para comer amanhã. Ninguém sabe se o governo pode assumir essa situação e qual o poder financeiro deles. A bolsa de valores é uma coisa, mas a realidade, a geladeira dentro das casas das pessoas, é outra.
O senhor enxerga uma solução para o curto prazo?
O grande problema é o que vai acontecer depois de tudo isso, quais vão ser os resultados. Como as pessoas vão viver amanhã, qual o resultado dessa crise nas escolas, na economia, na segurança pública, no nosso futuro? Ninguém sabe. A gente é privilegiado, mas e os outros? Quem vai fazer as contas no final? Quem vai explicar isso para nós? Vamos mudar a sociedade? Vamos mudar a forma de fazer política no Brasil? O presidente fala uma coisa, o governador e o ministro falam outras coisas. Ninguém se entende. O meu restaurante é um pingo de água dentro do oceano. A gente decidiu fazer delivery no Président até como alternativa para manter o emprego das pessoas.
Qual é a sua principal preocupação?
O que me preocupa é o futuro da minha família. Eu tenho três filhos. Cadê o futuro deles depois disso? Até mesmo na segurança, qual o impacto disso? A babá que fez a pior coisa da vida com a minha família talvez seja solta. O pior é o futuro, o que vai acontecer depois que passarmos por tudo isso. Eu estou rezando para o futuro dos meus filhos. Já vivi mais da metade da minha vida. E os meus filhos? Um com 23 e os bebês com 2 anos? Esse país maravilhoso que tem tudo para ser o melhor do mundo, cadê o resultado do Brasil? Devia ser mil. Mas a gente não está nem com nota dois.
E o que preocupa você em meio a pandemia??