Foram lacrados, em São Paulo, no último fim de semana, 79 estabelecimentos por descumprir o processo de reabertura e flexibilização do comércio após o lockdown adotado devido à pandemia da Covid-19.
Na sexta feira, 7, foram fechados 26 estabelecimentos, no sábado, 8, 32 restaurantes e no domingo, 9, foi a vez de 17 casas serem lacradas. A principal causa, além da desobediência em relação ao horário, é a aglomeração acarretada pela não cumprimento do decreto.
Entre esse 79 restaurantes está o Président que é comandado pelo chef de cozinha Erick Jacquin e que é, também, jurado do programa MasterChef Brasil. A Assessoria de Jacquin ainda não comentou sobre o caso.
A ação foi realizada pela subprefeitura de Pinheiros que foi motivada por fotos tiradas por fiscais no primeiro fim de semana em que os restaurantes foram autorizados a funcionar até às 22 horas.
Todos os estabelecimentos que tiveram as portas fechadas por esse motivo terão que pagar uma multa de R$923,65 para casa 250 metros quadrados.
O subprefeito de Pinheiros, Acacio Miranda da Silva Filho, disse em uma entrevista a Nossa que apesar dos registros terem ocorrido no sábado (8), o padrão é fazer o fechamento dos estabelecimentos durante a semana, evitando, assim, conflitos com os donos e até mesmo com os próprios clientes, que podem estar alterados por qualquer circunstância.
Além do registro em fotos, Acacio fala que há um aplicativo que ajuda nesse tipo de fiscalização.
Também há um aplicativo que dá o georreferenciamento do lugar e o horário em que as imagens foram extraídas para que ninguém possa contestá-las depois”
Para o estabelecimento, que descumpriu o horário permitido de funcionamento, reabrir é preciso seguir algumas etapas. A primeira é o pagamento da multa. Depois, o proprietário deve apresentar um pedido no qual ele assume um compromisso de cumprir com todos os protocolos necessários para o combate à Covid-19. Esse pedido é enviado ao subprefeito que concede ou não a autorização para a reabertura.
Érick Jacquin, 55, chef de cozinha francês e naturalizado brasileiro, ficou conhecido pelo grande público através do MasterChef, reality show de gastronomia transmitido pela Band, no qual é júri do programa.
Pode-se dizer que esse trabalho foi um alívio para esse chef que é conhecido pelo seu humor e “braveza” no programa, pois foi com esse sucesso (e os demais subprodutos da fama, como palestras, comerciais e outros programas), apesar de seus dotes culinários indiscutíveis, que conseguiu pagar as dívidas (estima-se que elas superaram R$1 milhão) do seu antigo e falido restaurante, no qual possuía, também, diversos processos trabalhistas.
Após seis anos, decidiu abrir um novo restaurante, Président, com o seu sócio e empresário Orlando Leone.
Menu do restaurante do chef Jacquin possui foie gras, vieiras, caviar, trufas (Fonte: divulgação)
Jacquin aprendeu, com a experiência do seu antigo restaurante, a lição de nunca mais lidar com a parte financeira ou de recursos humanos do negócio, deixando isso para Orlando.
O chef define os ingredientes e eu negocio com os fornecedores – Orlando Leone
Jacquin não economizou no investimento do Président, fazendo com que o seu sócio gastasse muito mais do que estava esperando, principalmente quando se refere aos equipamentos e utensílios da cozinha.
Foi muito dinheiro, o dobro do que eu esperava. […] Os meus negócios costumam dar retorno em até três anos, mas sei que no Président será um pouco mais, como quatro ou cinco anos. – Orlando Leone
O cardápio do Président, como um autêntico restaurante francês, é recheado de foie gras, vieiras, caviar e trufas. Além dos pratos do a la carte, o menu conta com uma degustação com quatro ou mais pratos (a depender do chef) que sai a R$680,00, tem também o menu executivo (R$98,00) que é servido no almoço de terça a sexta, incluindo: entrada, prato principal e salada de frutas.
O grande chefe e apresentador, deu uma entrevista para VEJA falando de sua preocupação com o atual momento em que estamos vivendo.
Chef Jacquin na cozinha do seu novo restaurante Président (Fonte: divulgação)
Como o senhor está se adaptando ao atual momento?
Sempre falei que nunca mais ia abrir um restaurante. Quando decidi investir em uma nova casa, tive que fechá-la depois de quatro meses por conta de uma crise como a do coronavírus. Mas eu não sou o único, não é só o meu restaurante. É economia do Brasil, do mundo. Tem gente que é a favor de trabalhar, tem quem é contra. Mas a proteção da população, das crianças, dos idosos, das pessoas, vem à frente de tudo. A gente não pode fazer as pessoas irem trabalhar e arriscar a saúde delas. Ao mesmo tempo, muitas pessoas precisam trabalhar para comer amanhã. Ninguém sabe se o governo pode assumir essa situação e qual o poder financeiro deles. A bolsa de valores é uma coisa, mas a realidade, a geladeira dentro das casas das pessoas, é outra.
O senhor enxerga uma solução para o curto prazo?
O grande problema é o que vai acontecer depois de tudo isso, quais vão ser os resultados. Como as pessoas vão viver amanhã, qual o resultado dessa crise nas escolas, na economia, na segurança pública, no nosso futuro? Ninguém sabe. A gente é privilegiado, mas e os outros? Quem vai fazer as contas no final? Quem vai explicar isso para nós? Vamos mudar a sociedade? Vamos mudar a forma de fazer política no Brasil? O presidente fala uma coisa, o governador e o ministro falam outras coisas. Ninguém se entende. O meu restaurante é um pingo de água dentro do oceano. A gente decidiu fazer delivery no Président até como alternativa para manter o emprego das pessoas.
Qual é a sua principal preocupação?
O que me preocupa é o futuro da minha família. Eu tenho três filhos. Cadê o futuro deles depois disso? Até mesmo na segurança, qual o impacto disso? A babá que fez a pior coisa da vida com a minha família talvez seja solta. O pior é o futuro, o que vai acontecer depois que passarmos por tudo isso. Eu estou rezando para o futuro dos meus filhos. Já vivi mais da metade da minha vida. E os meus filhos? Um com 23 e os bebês com 2 anos? Esse país maravilhoso que tem tudo para ser o melhor do mundo, cadê o resultado do Brasil? Devia ser mil. Mas a gente não está nem com nota dois.