Tag: Economia

  • Campos Neto e Projeto Nova Inflação dos Alimentos

    Campos Neto e Projeto Nova Inflação dos Alimentos

    Em um evento de destaque nesta segunda-feira, 23 de outubro, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, discutiu entre os principais pontos de interesse, destaca-se a preocupação com a perspectiva de uma nova onda de nova inflação dos alimentos e seus preços, bem como a identificação de fatores que podem influenciar esse cenário econômico.

    El Niño e sua Contribuição para a Volatilidade nos Preços dos Alimentos

    Campos Neto, em sua apresentação, apontou as características climáticas conhecidas como El Niño como um dos principais responsáveis ​​pela volatilidade nos preços dos alimentos. O El Niño ocorre quando há um aquecimento anormal das águas na parte tropical ou equatorial do Oceano Pacífico, o maior oceano do planeta. Essa alteração climática substancial pode desencadear mudanças significativas nos padrões climáticos em escala global.

    No contexto do Brasil, o El Niño está exercendo um impacto significativo na distribuição das chuvas em diferentes regiões do país. O Sul do Brasil, por exemplo, enfrenta um aumento substancial no volume de chuvas, o que pode afetar as safras agrícolas e, consequentemente, os preços dos alimentos. Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste vivenciam um período de tempo mais seco, o que pode ter impactos negativos na produção agrícola nessas áreas.

    Além disso, o Sudeste, o Centro-Oeste e o oeste da Amazônia estão enfrentando temperaturas acima da média, o que também pode afetar a produção agrícola e, consequentemente, os preços dos alimentos.

    Um exemplo concreto da gravidade desses impactos é a situação em Santa Catarina, onde mais de 46 mil propriedades rurais já sofrem os efeitos das fortes chuvas. Produtores de hortaliças, por exemplo, relatam prejuízos que ultrapassaram os R$ 200 mil, evidenciando os desafios enfrentados pelos agricultores em meio a esse cenário climático instável.

    Estabilização dos Preços de Energia após a Guerra em Israel

    Em seu discurso, Campos Neto também comentou sobre a estabilização dos preços de energia no Brasil. Ele apontou que os preços de energia parecem ter se estabilizado após as primeiras instabilidades provocadas pela guerra em Israel, um conflito que gerou preocupações em relação à oferta de petróleo e gás natural.

    No entanto, o presidente do Banco Central destacou que ainda existem incertezas significativas em relação aos efeitos desse conflito nos preços do petróleo, um componente fundamental para a economia global. A volatilidade nos preços do petróleo pode impactar os custos de produção e, em última análise, afetar os preços dos produtos finais, incluindo os alimentos.

    Desinflação nos Países Desenvolvidos e sua Origem Enigmática

    Um ponto que chamou a atenção durante o evento foi a observação de Campos Neto de que não está claro de onde vem a desinflação que está sendo observada nos países desenvolvidos. Ele disse que esse movimento de desinflação seja oriundo dos Estados Unidos ou mesmo do mercado de petróleo. Essa incerteza em relação à origem da desinflação em economias envolvidas aumenta o mistério em torno dessa especificidade econômica global.

    Dividendos da Petrobras Abalam ou Mercado Financeiro

    Além das questões relacionadas à inflação dos alimentos, Campos Neto abordou um tópico que gerou grande repercussão no mercado financeiro: os dividendos da Petrobras. Uma notícia envolvendo os dividendos da gigante petrolífera assustou os investidores, levando a uma queda acentuada nas ações da empresa na segunda-feira, 24 de outubro. Essa situação despertou preocupações sobre a relação entre o cenário geopolítico, a Petrobras e a economia brasileira como um todo.

    Perspectivas Futuras e a Complexidade da Economia Brasileira

    Os comentários e análises apresentados por Campos Neto durante o evento do Estadão lançaram luz sobre diversos fatores que podem influenciar a economia brasileira nos próximos meses. O impacto do El Niño nos preços dos alimentos, a estabilidade dos preços de energia após a guerra em Israel, as incertezas globais em relação à desinflação e a turbulência no mercado de ações da Petrobras são todos elementos que economistas, investidores e cidadãos brasileiros devem acompanhar de perto à medida que a economia se adapta a um ambiente complexo e sonoro. Conhecer e compreender esses fatores é fundamental para tomar decisões informadas no cenário econômico atual, que é repleto de desafios e incertezas.

    A inflação dos alimentos é um tema de grande relevância, pois afeta diretamente a vida cotidiana das pessoas, influenciando os custos de alimentação e, por conseguinte, o poder de compra das famílias. Essa inflação ocorre quando os preços dos alimentos aumentam de forma significativa e persistente ao longo do tempo. Aqui estão alguns aspectos importantes a serem considerados sobre a inflação dos alimentos:

    Causas da Nova Inflação dos Alimentos:

    • Fatores Climáticos: Mudanças nas condições climáticas, como secas, inundações, tempestades e o fenômeno El Niño, podem afetar a produção agrícola e a oferta de alimentos, levando a aumentos nos preços.
    • Demanda e Oferta: A oferta e a demanda por alimentos desempenham um papel crucial na determinação dos preços. A escassez de oferta ou o aumento na demanda podem levar a pressões inflacionárias.
    • Custos de Produção: Os custos de produção agrícola, incluindo sementes, fertilizantes, mão de obra e combustível, podem afetar os preços dos alimentos. Aumentos nos custos de produção muitas vezes são repassados aos consumidores.
    • Políticas Governamentais: Medidas governamentais, como tarifas de importação, subsídios agrícolas e regulamentações, também podem influenciar os preços dos alimentos.

    Impacto Social e Econômico:

    • A inflação dos alimentos impacta diretamente a população de baixa renda, que gasta uma parcela significativa de sua renda em alimentos. Quando os preços sobem, as famílias podem enfrentar dificuldades para atender às necessidades básicas.
    • A alta dos preços dos alimentos pode levar a protestos e agitação social em países onde a segurança alimentar é um desafio.

    Alimentos Mais Afetados:

    Grãos (Arroz, Trigo, Milho):

    • Grãos são elementos essenciais na alimentação em muitas partes do mundo. Alterações climáticas, escassez de água e previsões podem impactar os níveis de produção desses grãos.
    • Os preços dos grãos também são influenciados pelos custos de produção, como fertilizantes e combustíveis.

    Carnes (Bovina, Suína, de Aves):

    • A produção de carne está sujeita a flutuações na oferta de ração para animais, que é afetada pelas condições climáticas e custos de grãos.
    • Questões de saúde animal, como epidemias, também podem prejudicar a produção e aumentar os preços das carnes.

    Laticínios (Leite, Queijo, Manteiga):

    • As variações na produção de leite estão ligadas a fatores climáticos que afetam pastagens e alimentação do gado.
    • A demanda por produtos lácteos pode aumentar em países em desenvolvimento, contribuindo para a pressão sobre os preços.

    Óleos Vegetais (Óleo de Soja, Óleo de Palma):

    • Os óleos vegetais são usados ​​em uma variedade de alimentos processados ​​e na culinária. Sua produção é sensível às condições climáticas e aos custos de produção.
    • Além disso, a demanda por óleos vegetais é influenciada por fatores como a conscientização sobre a saúde e as mudanças nos padrões de alimentação.

    Frutas e Vegetais:

    • A produção de frutas e vegetais é fortemente afetada pelas variações climáticas e sazonais.
    • Transporte e logística também desempenham um papel na determinação dos preços de produtos perecíveis, uma vez que impactam a disponibilidade e o frescor desses alimentos.

    Peixes e Frutos do Mar:

    • A pesca é influenciada pela saúde dos ecossistemas aquáticos e pelas regulamentações governamentais.
    • A sobrepesca e a manipulação dos oceanos podem levar a escassez e, consequentemente, a preços mais elevados.

    Café e Cacau:

    • Produtos como café e cacau são vulneráveis ​​às flutuações climáticas e questões relacionadas à política, afetando a produção global.
    • Fatores como o custo do transporte e questões políticas em países produtores também podem impactar os preços.

    Açúcar:

    • A produção de açúcar é influenciada pelo cultivo da cana-de-açúcar, que é às condições climáticas sensíveis.
    • Além disso, políticas de subsídios e tarifas comerciais podem afetar os preços do açúcar no mercado internacional.

    Políticas de Mitigação:

    • Os governos frequentemente adotam medidas para mitigar os impactos da inflação dos alimentos, como subsídios alimentares, programas de segurança alimentar e controle de preços. No entanto, essas políticas têm prós e contras, e podem não resolver completamente o problema.

    Tendências Recentes:

    • A inflação dos alimentos é uma preocupação global. Em anos recentes, eventos climáticos extremos, como secas e inundações, afetaram a produção agrícola em várias partes do mundo, contribuindo para aumentos nos preços dos alimentos.
    • Fatores como a pandemia de COVID-19 também impactaram as cadeias de suprimento de alimentos e os preços de alguns produtos.

    A Importância da Monitorização:

    • Economistas, autoridades governamentais e organizações internacionais monitoram de perto a inflação dos alimentos, a fim de tomar medidas adequadas para lidar com essa questão crítica.

    Em resumo, a inflação dos alimentos é um fenômeno complexo que pode ser desencadeado por uma série de fatores, desde eventos climáticos até questões de oferta e demanda. Ela tem implicações significativas para a segurança alimentar e a estabilidade econômica, e é uma preocupação central para economias em todo o mundo. Portanto, entender suas causas e consequências é fundamental para a formulação de políticas econômicas eficazes e para o planejamento financeiro das famílias.

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  • McDonald’s irá fechar permanentemente mais de 200 unidades

    McDonald’s irá fechar permanentemente mais de 200 unidades

    A rede de fast-food McDonald’s vai fechar permanentemente 200 lojas nos Estados Unidos neste ano, por causa da pandemia de coronavírus.

    O McDonald’s, anunciou nesta terça feira, 28 de julho, que obteve um lucro líquido de US$ 483,8 milhões, o que equivale a 2,49 bilhões de reais, no segundo trimestre, o que representa uma queda de mais da metade em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o McDonald’s teve uma receita de US$ 3,761 bilhões no período, 30% a menos do que no mesmo trimestre em 2019.

    Isso mostra os duros efeitos colaterais que a pandemia do novo coronavírus vem acarretando na economia mundial.

    As vendas nos Estados Unidos caíram 8,7% no primeiro semestre, apesar de ter obtido uma recuperação gradual desde o mês de abril. Sendo que mesmo com esse leve aumento das vendas, quando comparamos com o ano anterior, o mês de abril teve uma queda de 20% nas vendas.

    A rede foi atingida não apenas nos EUA, mas também em suas unidades internacionais, com uma queda de 41,4% no trimestre, depois de um fatídico abril em que os restaurantes fora dos EUA perderam quase 67% do faturamento.

    Após diversas quedas no faturamento, uma das maiores redes de fast food do mundo, anunciou que vai acelerar o plano de fechar mais de 200 unidades nos Estados Unidos, sendo que a metade dessas unidades está dentro dos supermercados do grupo Walmart.

    No entanto, o McDonald’s avalia que os próximos meses serão melhores. A empresa vai investir US$ 500 milhões para inaugurar 950 lojas ainda neste ano, sendo que 400 delas serão abertas na China.

  • Em meio a crise de saúde, Itajaí lança o 1º Festival Gastronômico Delivery

    Em meio a crise de saúde, Itajaí lança o 1º Festival Gastronômico Delivery

    Com o objetivo de incentivar o consumo da gastronomia local e de divulgar bares, restaurantes, lanchonetes, cafeterias por meio de entrega ou retirada (“take out”), a cidade de Itajaí em Santa Catarina lançou o 1º Festival Gastronômico Delivery de Itajaí.

    Cada restaurante criou um prato exclusivo para o Festival, que será vendido por um preço fixo de R$ 39,90 e sem cobrar taxa de entrega para uma distância de até 8 quilômetros do estabelecimento.

    Além do prato, o cliente pode solicitar um combo de 2 cervejas artesanais de marca local pelo valor de R$25, sendo uma Pilsen ou Lager e outra IPA ou outra especial.

    O cardápio do Festival inclui hambúrgueres, massas, carnes, peixes, culinária japonesa, sorvetes, tortas e cafés, sendo que eles devem ser preparados com pelo menos dois ingredientes de produtores locais. Isso acontece com o intuito de movimentar e incentivar o comércio da cidade.

    As receitas exclusivas passaram pela curadoria de uma equipe de professores da Unisociesc. Larissa Bissoli Vieira, coordenadora do Curso de Gastronomia da instituição, afirma que os ingredientes mais expressivos são frutos do mar de espécies encontradas na costa de itajaiense, incluindo a bottarga, que é uma ova de tainha, e terá também uma preparação com o uso de uma cerveja local.

    A iniciativa do evento é do Itajaí Convention & Vistors Bureau, recebendo o patrocínio da Gomes da Costa Pescados, do aplicativo de entrega Alfred Delivery e do Pedilá.

    O Festival acontecerá durante o mês de maio, do dia 8 ao dia 31. Para fazer o pedido de seu prato basta clicar aqui.

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    1º Festival Gastronômico Delivery de Itajaí (Fonte: Divulgação)

    Participantes do Festival Gastronômico Delivery de Itajaí

    1. Forno D’Lenha Pizzaria
    2. Recanto Ibérico Restaurante e Petiscaria
    3. Brava Café Roberta
    4. Bokerão Dupera
    5. Bonissimo Culinária Inteligente
    6. Giraffas Itajaí
    7. Zephry Seafood & Nikkei
    8. Italiana Garden Café
    9. Soho Restô Bar
    10. Azdora Piadineria
    11. Biombbo
    12. Hamuds Culinária Árabe
    13. Miguelito Cocina Mexicana
    14. Vó Zelina Restaurante
    15. Dehon Natural Café e Empório
    16. Democrático – Mercado Público
    17. Spasso Galeto
    18. Natuzzi Lounge
    19. Santa Batatinha

  • COVID-19: Alex Atala fala sobre a crise econômica em seus restaurantes

    COVID-19: Alex Atala fala sobre a crise econômica em seus restaurantes

    Alex Atala, 52 anos, é um chef de cozinha premiado e apaixonado pela sua profissão e tudo que a envolve. Seu foco é explorar todas as possibilidades gastronômicas dos ingredientes genuinamente brasileiros, aliando as técnicas gastronômicas clássicas com as atuais.

    Atala supera as fronteiras da cozinha, valorizando os pequenos produtores e incentivando jovens profissionais e apoiando projetos do terceiro setor.

    O Chef concedeu uma entrevista, que colocaremos aqui para você, para NeoFeed relatando a preocupação e o drama econômico em qual seus restaurantes e seus projetos estão vivenciados no momento atual devido ao COVID-19,

    Mas antes, vamos compreender um pouco da história de sua carreira.

    História da Carreira

    Foi na escola de Hotelaria de Namur, na Bélgica, que Alex Atala iniciou sua carreira como chef. Enfrentou desafios e novas experiências na França, em Montpellier, em Milão. Voltou para o Brasil em 1994, e em 1999 iniciou sua carreira como proprietário e chef do aclamado Namesa. No mesmo ano inaugurou o D.O.M Restaurante, considerado o 6º melhor restaurante do mundo em 2013, no qual possui uma cozinha vanguardista, valorizando os ingredientes e a cultura alimentar do Brasil.

    Além de ser chef criativo, é um incansável estudioso dos ingredientes locais. Devido a isso, fundou um instituto junto com uma equipe multidisciplinar que reúne fotógrafos, empresários, publicitários, um antropólogo e um jornalista. O instituto que é chamado de Atá tem o intuito de aproximar o saber do comer, o comer da cozinha, o cozinhar do produzir, e por fim, o produzir da natureza, fortalecendo e valorizando, dessa forma, a cadeia dos pequenos produtores do Brasil.

    O Atá já apoiou e desenvolveu dezenas de projetos de ingredientes específicos, como a pimenta baniwa, cogumelos brasileiros Yanomâmi, o mel de abelhas nativas, baunilha do cerrado, os arrozes especiais do Vale do Paraíba, além de projetos ligados à proteção da biodiversidade dos oceanos e ao uso de orgânicos. Além disso o instituto, em parceria com a prefeitura de São Paulo, é responsável pelos boxes de biomas do Brasil no Mercado Municipal de Pinheiros, no qual oferece para os consumidores ingredientes de pequenos produtores da Amazônia e Mata Atlântica, do Cerrado, Pampas e da Caatinga.

    Chef Atala
    Chef Alex Atala e participantes do Instituto ATÁ (Fonte: divulgação)

    Além de tudo isso, Atala é responsável pela criação do restaurante Dalva e Dito, em 2009, 7 Gastronomia, serviço de buffet para pequenos e grandes eventos, em 2015, Bio Restaurante, em 2017, Seminário FRUTO, em 2018, e ainda possui uma estimativa de abrir o D.O.M Hotel em 2021.

    Com prestígio internacional, Atala é convidado a participar dos principais eventos gastronômicos do mundo. Além disso, o chef foi um dos personagens da segunda temporada do Chef’s Table, da Netflix, no qual ele mostra os detalhes das criações na cozinha e o papel que empenha com os pequenos produtores das comunidades brasileiras.

    Além de tudo isso, Atala publicou quatro livros, com o intuito de dividir seus conhecimentos e estimular a valorização dos produtos locais. O chef é o autor de “ALEX Atala – Por uma Gastronomia Brasileira” (2003), “Com Unhas, Dentes e Cuca – Prática Culinária e Papo cabeça ao Alcance de Todos” (2008), “Escoffianas Brasileiras” (2008), e por fim, “D.O.M Redescobrindo Ingredientes Brasileiros” (2013).

    Entrevista Concedida ao NeoFeed

    Estamos em um momento de agir racionalmente e não emocionalmente.

    Como foi fechar o DOM no dia 19 de março?

    Foi pegar o coração e colocar na geladeira. Estamos em um momento de agir racionalmente e não emocionalmente. Primeiro pensei em só abrir o restaurante no jantar, com os funcionários que moram mais perto. Mas era o momento de fechar. Ao fechar, não é só o dono que sofre. A equipe também sofre emocionalmente e porque depende do dinheiro das comissões de venda.

    Você fala da sequela social?

    O elemento humano é fundamental. 90% da equipe do DOM é bilíngue, são insubstituíveis. Não dispensei a equipe, mas fiz contratos de suspensão e os acordos possíveis, sempre dentro da lei. Me preocupa muito o começo de maio. Para o pagamento de abril, eu tinha a caixinha de março, o que não terá no de maio. O rendimento vai cair para menos de um terço. Espero não precisar demitir. Isso é uma sombra na vida da gente. Hoje, entre DOM e Dalva e Dito, são 126 funcionários.

    Ao fechar, como ficaram os produtos que o restaurante tinha em estoque?

    Os ingredientes foram para o delivery ou para os funcionários. Nunca sofremos tanto e comemos tão bem.

    E os recursos para superar este momento?

    Os bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, têm mais dificuldades de implementar medidas de auxílio aos restaurantes, por suas estruturas mais engessadas. Os bancos privados são mais ágeis. Acredito que muitos restaurantes não vão aguentar até chegar o recurso. E temos de pagar o aluguel. São poucos os donos que têm imóveis próprios. Temos o embate dos impostos e temos os embates com os bancos privados, que não têm sido nada flexíveis e estão bastante agressivos nas taxas. Há muitas inseguranças e incertezas. Vamos sofrer muito, mas vamos sair do outro lado.

     Aí você conhece o caráter do seu fornecedor, quem é parceiro e quem não é.

    Como foi a conversa com os fornecedores?

    Peguei meu capital de giro e pedi descontos para quitar dívidas. Era o dinheiro que tinha e a aplicação financeira é menos rentável do que uma boa negociação. Aí você conhece o caráter do seu fornecedor, quem é parceiro e quem não é.

    Esses são os grandes fornecedores. E os pequenos, aqueles que você, o Instituto ATA e outros ajudaram a desenvolver?

    Não sei como vai ficar. Vou te contar um exemplo: o seu Eriji, que fornece pirarucu. Ele traz o peixe ainda filhote de Rondônia para sítio dele em São Paulo e engorda o peixe aqui. Eu compro 90% da produção dele. É um fornecedor absolutamente dependente de mim. Indiquei ele para o Best Farmer, um prêmio internacional para os produtores e ele não aceitou porque não quer crescer o negócio dele. Ele quer ter poucos e bons clientes. Com o DOM parado, ele quebra. Chamei ele para uma reunião. Ele contou que este ano foi mais frio e que o peixe não iria crescer tanto e me disse: “Alex San, se você usar o meu peixe só no delivery, eu consigo sobreviver”. Foi uma solução mágica. Sobre os demais pequenos produtores, como os do Mercado de Pinheiros, ou dos projetos do ATA, estamos procurando caminhos para vazar os estoques. Mas ainda não conseguimos colocar um projeto em pé. As taxas de entrega são um dos entraves.

    Alex Atala chef no dom
    Alex Atala no D.O.M Restaurante (Fonte: divulgação)

    Por quê?

    Tem empresas pedindo 27%, 28% do valor bruto. Essas empresas aumentaram as taxas neste momento. Mas, para os pequenos, muitas vezes, é a única saída para não travar o negócio. Alguns estão colocando em lojas virtuais, mas não é fácil. Também estamos engajados em um coletivo de gastronomia periférica. Na periferia, já tem uma onda de fome, de pessoas que não têm o que comer. A mãe é empregada doméstica que foi mandada embora. O pai está afastado e tem de alimentar a família. Tem muitas famílias deste jeito. Vamos passar por um momento muito duro.

    O delivery do Dalva e Dito cresce de importância neste momento?

    Sim, estamos indo muito bem com o delivery, conseguindo de 10% a 15% do faturamento de antes da crise. Mas continuamos com o custo de 100% do faturamento. Fazemos promoções, o que nos dá mobilidade com ingrediente. Tem promoções de café da manhã, com cestas, que são vantajosos para os clientes e nos permite desovar o estoque. Temos muita coisa em estoque ainda. Além disso, sou parceiro de muitos fornecedores, no plantio, da roça e da horta. Eu não compro o produto finalizado, compro a semente, dou condição para ele trabalhar e estes produtos estão indo para o delivery, na medida do possível.

    Há o risco de o DOM fechar?

    O DOM não fecha. Vou conseguir reabrir, mas a operação será deficitária por pelo menos um ano e meio. O DOM está 100% desligado, mesmo com a equipe da manutenção trabalhando. Sei que vou perder equipamento, que vai estragar câmaras frias. Sei que vai ter problema. O mercado precisa saber que a retomada não é desligar e ligar a luz. A gente não vai voltar a todo vapor. Talvez nem funcionaremos todos os dias, pela conjuntura mundial. Temos muitos clientes de turismo de negócios, que também vão demorar a retomar. As pessoas vão estar com suas economias combalidas. Se eu não vou comprar luxo, os outros não vão. Isso é a realidade. Tenho gráficos que mostram que o consumo de alto luxo deve sofrer muito. Acredito que o DOM vai sofrer mais que o Dalva e Dito, esta ressaca da crise, da recuperação. Vou adorar estar errado, mas acho que não estou.

     Seria como tirar um filho da minha vida.

    Passada a pandemia, você vai reformular o DOM?

    O DOM vai continuar. Não sei quanto aos preços, ao menu, mas vai continuar. É uma certeza que eu tenho. Tenho uma emocionalidade com o restaurante. Seria como tirar um filho da minha vida. Não tenho palavras firmes para este momento, mas sei que o Geovane (Carneiro, seu braço direito) e mais alguns funcionários com certeza vão ficar no DOM.

    E o Dalva e Dito?

    Acredito que terá ajuste de cardápio, de preços. Ainda quero acreditar em parcerias pós esta pandemia, em um mercado mais solidário. O problema e a solução são coletivos. Todo mundo vai ter de ceder. Este é o meu otimismo para a retomada.

    Será um novo mercado?

    Deve haver ajustes, novos realinhamentos. A famosa caixinha, por exemplo, que não é compulsória, deve tomar um novo formato. De um modo geral, hoje ela vai mais para o salão, mas deve ter um novo entendimento dentro dos restaurantes. Acho que mais gente deve entrar nesta caixinha. O setor de compras, que é cobrado por saber comprar bem, pode estar nesta divisão da comissão. Meu ponto é que todo mundo vai ter um salário menor e precisaremos de rearranjos.

    O medo é fundamental para sobreviver, o pânico emburrece as pessoas.

    Você se relaciona muito com os chefs internacionais. O que eles te falam?

    Eles estão sofrendo mais do que a gente, muito mais. Na Europa, países como Itália, Espanha, Portugal, a crise está mais forte. A Holanda está melhor, mas, em geral, eles estão sofrendo mais. Nos EUA, não está diferente. Nova York está trágico. Falo quase que diariamente com os amigos de lá. Não vou dizer que o nosso copo está mais cheio do que os deles, mas eles estão mais “panicados” do que a gente, talvez por terem vivido as guerras. Aqui, por toda a nossa instabilidade, o brasileiro tem medo, mas não tem pânico. O medo é fundamental para sobreviver, o pânico emburrece as pessoas. É preciso olhar com perspectivas. Os europeus estão mais na trincheira, estão em pânico, mais assustados.

    Nesta semana, você começou uma série de vídeos patrocinados pela Mastercard. Como é o programa?

    Topei porque é uma experiência pessoal que eu tenho. Tenho a virtude de cozinhar em qualquer lugar, com o ingrediente que tem na hora. Tenho esta segurança. As dicas são pensadas para compartilhar conhecimento, de passar um conhecimento útil. De ter o hábito de cozinhar e aproveitar melhor o que se tem em casa. Uso o mesmo azeite para três preparações, logo nos primeiros programas, por exemplo. Uso pão velho, o talo da couve. É uma experiência que vem com o restaurante Bio, de utilizar tudo. O programa traz um conteúdo de qualidade, que me faz voltar para a televisão, que não é o meu prazer primeiro.

    Dessas três semanas de quarentena, qual foi o seu dia mais difícil?

    A semana passada. Porque vai caindo a ficha que a situação é muito grave. Recebo pressão de todos os lados. E as pessoas ainda não entenderam que não é através da pressão que vai se sair desta crise. Semana passada foi a mais difícil por isso. Mas acredito que mês que vem vai ter uma depressão coletiva. Tenho medo do começo de maio, quando os funcionários perceberem o quanto vão receber, que será bem menos. A gente precisa entender que os bancos estão capitalizados, mas que a gente vai ganhar menos dinheiro. Será uma ressaca grande. Precisamos entender que o isolamento ainda é a forma mais segura.

  • Delivery não é garantia de manter os restaurantes abertos

    Delivery não é garantia de manter os restaurantes abertos

    Com a orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para manter um distanciamento social e restrição ao funcionamento dos estabelecimentos, o setor de bares e restaurante, não diferente dos demais, está sendo drasticamente afetado pela crise econômica causada pela COVID-19. Demissões e fechamento de empresas poderão acontecer em massa, visto que esses estabelecimentos não possuem fluxo de caixa suficiente para efetivar os pagamentos.

    “O impacto vai ser imediato. As empresas operam com margens muito estreitas e não têm caixa, porque estamos vindo de três anos de crise. No momento em que essa empresa encerra atividades, ela não tem caixa para mais nada, e se ela não paga nada, não vai pagar aluguéis, impostos, banco, funcionários e fornecedores, que também têm funcionários e compram da indústria… Dia 5 tem folha de pagamento e vamos perceber claramente qual vai ser a situação.”

    Disse o presidente do Sindicato de Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro (Sindrio), Fernando Blower.
    Fila de entrega de Delivery
    Fonte: Divulgação

    Segundo Fernando, o funcionamento restrito para Delivery e take to go, uma medida tomada para amenizar a circulação de pessoas, não é uma solução para problema é apenas um paliativo. Os restaurantes padrões têm o delivery como complemento de sua atividade. As empresas que irão sobreviver com essa medida são as que foram projetadas para tal, pois não têm um salão, um bar e nem garçons para pagar. Centenas de restaurantes vão preferir fechar as portas, porque as entregas não darão conta de custear todo o funcionamento.

    No Ceará, plataformas online como o iFood, entraram em acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (ABRASEL) e estão reduzindo suas taxas para que empreendedores de todos os tamanhos consigam arcar com as despesas durante esse período de quarentena do isolamento social, segundo informações cedidas por Vanessa Santos (consultora gastronômica do SENAC-CE e membro da Associação Cearense dos Chefs de Cozinha – ACC) em live no Instagram, com o Observatório Cearense da Cultura Alimentar (OCCA) nesta última quarta-feira, 25.

    O presidente do sindicato ainda afirma que o problema pode se agravar visto que os fornecedores de insumos passaram a cobrar o pagamento à vista, com medo de levar um calote.

    E aí surge uma pergunta, qual estabelecimento, no meio a essa crise, tem dinheiro para pagar os fornecedores à vista?

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