Já é de conhecimento geral que o consumo de carnes pode tornar-se um luxo esbanjado por apenas uma parcela da sociedade, tendo em vista que muitos fatores estão provocando o aumento nos custos da pecuária, como o aumento da renda de países emergentes e a substituição das áreas desta produção por novos espaços da agricultura de grãos. No entanto, recentemente, um novo fator surgiu, que pode acelerar o “processo de transformação da carne em ouro”: o avanço das doenças, como a peste suína, que afligem o setor.
Por enquanto, esta crise chegou apenas à suinocultura. A peste suína africana está avançando e já atingiu em cheio a China, país considerado maior produtor e consumidor de proteína suína do mundo. Enquanto, em 2013, apenas 3,5% da produção dessa cultura era afetada pela doença, este ano o percentual elevou-se para 62%, com 31 países afirmando terem focos da peste na sua região, segundo a Organização Mundial de Saúde Animal – OIE.
Devido a isso, os países atingidos estão buscando aqueles livres de risco para realizar a compra do insumo, sendo o Brasil um destes. Apesar de não haver muita produção nacional da carne suína, o país é reconhecido por seu fornecimento de carnes bovinas e de frango, as quais estão sendo buscadas para substituir a necessidade da proteína originada do porco. Assim, um dos principais importadores deste tipo de insumo é a China, a qual apresenta uma estimativa de adquirir mais de 21% do volume total a ser transacionado mundialmente.
O que é um benefício para os produtores, tendo em vista que os preços irão atingir um novo patamar; será negativo para os consumidores brasileiros, os quais podem já se preparar para encontrar um aumento efetivo no valor cobrado pelas carnes em supermercados, por exemplo. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas – FIPE, os preços comerciais subiram 17% na terceira semana de novembro e acredita-se que a pressão nesses valores deve permanecer nesta média ao longo do próximo ano. Vale ressaltar que as produções pecuárias do Brasil estão previstas para aumentarem percentualmente, porém, não o suficiente para superar o aumento esperado em exportações desse gênero alimentício.