No último dia 15, o aplicativo, iFood, que liga bares e restaurantes a clientes, anunciou um reajuste nas taxas de entrega.
A taxa de entrega no raio de 2 quilômetros de distância do restaurante quase dobrou, passando de R$3,99 para R$7,99. E para distâncias acima de 7 quilômetros subiu de R$7,99 para R$13,99.
O iFood garante que os valores de entrega são variáveis, acompanhando o dinamismo do mercado, sendo assim, houve um aumento para alguns e redução para outros.
Os valores das rotas são calculados usando fatores como, por exemplo, a distância percorrida, a cidade e o dia da semana.
A plataforma quando foi questionada se o valor do reajuste da taxa de entrega era repassado para o entregador afirmou que, em abril, 61% dos entregadores receberam R$ 19 ou mais por hora trabalhada, “valor quatro vezes maior do que é pago por hora tendo como base o salário mínimo”. De acordo com levantamento dos dados da empresa, o ganho médio mensal dos funcionários que têm como renda principal as entregas, aumentaram 36% quando comparado à renda mensal de fevereiro.
Desde que começou a pandemia, o iFood destinou mais de R$14 milhões em medidas de proteção aos entregadores. Em março, foi criado um fundo de R$ 2 milhões para ajudar os entregadores que fazem parte do grupo de risco e para os que estão com sintomas ou infectados por Covid-19.
Além disso, a empresa também distribui kits de higiene com álcool em gel, máscaras e materiais informativos, plano de serviço em saúde, desconto no iFood Delivery Vantagens, gorjeta em dobro, seguro de vida. A plataforma também desenvolveu um recurso de entrega sem contato.
Vantagens como descontos em serviços como, por exemplo, óleo para moto e manutenção, seguro de moto, artigos eletrônicos.
O iFood justifica a necessidade do aumento mesmo com o crescente volume de pedidos desde o início do isolamento social, visto que grande parte de sua receita é aplicada em proteção do ecossistema de food delivery.
A demanda tenha aumentado durante o período de pandemia, a empresa tem colocado grande parte da receita em iniciativas de proteção do ecossistema de food delivery (entregador, restaurante e cliente), que é a sua prioridade neste momento.
Ponto de vista dos restaurantes
A dona de um restaurante self-service em Brasília, que preferiu não se identificar, pois depende do aplicativo para sobreviver em meio à pandemia, teme que esse reajuste interfira no seu faturamento.
Ela tem o restaurante há 15 anos e só agora decidiu optar ao delivery, visto que só assim conseguiria ter um pouco de capital de giro. Além de entregadores da plataforma do iFood, ela mantém dois motoboys que fazem entregas a custo de R$5 a R$7, dependendo da distância. E sabendo do custo da entrega, ela sabe as taxas de entrega do iFood são muito caras.
O cliente que pede um prato não quer pagar esse valor de frete, que, muitas vezes, equivale a 50% do preço da refeição. Isso vai impactar no bolso do consumidor e, indiretamente, no meu. Já tenho muita reclamação do valor da taxa atual. Imagina com esse aumento. Muitas pessoas vão desistir do pedido.
No restaurante Metta na zona oeste de São Paulo, segundo a proprietária Marcella Vallone, devido à pandemia, teve um aumento de 40% nas vendas via iFood.
Os seus clientes que costumavam ir a pé ao estabelecimento para almoçar, começaram a pedir por aplicativo. Porém, Marcella teme que o aumento de quase de 50% nas taxas de entregas possa impactar o s
“Nossos clientes, que ficam num raio de até três quilômetros do restaurante, podem achar cara essa taxa e desistir do pedido.”

Mirany Soares, dona do Formaggio Mineiro, possui 5 lojas físicas em São Paulo e entrou no iFood, mesmo tendo entregadores próprios, com o intuito de aumentar a base de clientes durante a pandemia, mesmo considerando que as vendas pelo aplicativo não sejam significativas.
Pelo iFood os preços dos produtos da Formaggio Mineiro são 10% mais caros, isso é por conta dos custos do aplicativo. Como tem o seu próprio delivery que não cobra nada num raio de até 4 quilômetros e cobra R$2,70 por quilômetro que é ultrapassado, Mirany não compreende o aumento do preço.
Até entenderia o aumento nos custos se fosse de um fornecedor em dificuldades. Mas do iFood, não. Com a crise, o iFood está conquistando mais parceiros e clientes na sua plataforma. Ou seja, está ganhando nas duas pontas
Uma proprietária de uma doceria na zona oeste de São Paulo viu suas vendas crescerem até 30% após a adesão ao aplicativo, porém ela também teme que os clientes desistirem das compras devido à elevação do preço na taxa de entrega.
“Na atual situação [de pandemia], acho que todos deviam se ajudar. Se o iFood não pensar nos pequenos, eles vão quebrar, fechar as portas.”
Aberta em 2012, a doceria não tem loja física e trabalhava apenas com encomendas de bolos e doces para grandes festas. Com a pandemia, que fez com que muitos eventos fossem cancelados ou adiados, as encomendas caíram praticamente à zero.