Como o Delivery Redefiniu as Estratégias Empresariais: O setor de foodservice no Brasil, historicamente dinâmico e repleto de tendências, atravessa uma revolução significativa, especialmente após os desafios impostos pela pandemia. A estrela dessa transformação é o serviço de delivery, cujo crescimento nos últimos anos é tão vertiginoso que parece desafiar a gravidade econômica. De acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a quantidade de profissionais trabalhando no mercado de delivery no Brasil aumentou impressionantes 1000% nos últimos cinco anos, um sinal claro da mudança de paradigma.
Entenda Como o Delivery Redefiniu as Estratégias Empresariais:
Os números impressionam: em 2020, o delivery experimentou um crescimento de 80%, saltando para incríveis 89% em 2022. As previsões para 2023 indicam que esse crescimento não mostra sinais de desaceleração, estimando um aumento adicional de 7,8%. Essa tendência também é corroborada por uma pesquisa da Kantar na América Latina, que apontou um aumento de 66% no serviço de entregas, destacando sua ascensão como um fenômeno regional.
Os hábitos de consumo dos brasileiros estão se transformando rapidamente, refletidos no aumento significativo no número de clientes que fazem pedidos de delivery de uma a três vezes por mês. Esse indicador subiu de 15% em 2020 para 28% em 2022 e atingiu a marca de 32% em 2023. O mercado de entregas não é mais apenas uma comodidade; tornou-se uma parte essencial da experiência gastronômica.

Essa mudança nos padrões de consumo não apenas impulsionou o setor de foodservice, mas também forçou uma reavaliação nas estratégias das empresas. Antes da pandemia, o mercado de entregas representava pouco mais de 10% do faturamento total dos restaurantes. Agora, esse percentual facilmente ultrapassa os 30%, evidenciando a importância crescente da entrega de refeições em domicílio nas estratégias de negócio.
Uma resposta inovadora a essa transformação foi a ascensão dos hubs de cozinhas independentes, conhecidos como dark kitchens, cloud kitchens ou cozinhas invisíveis. Estes estabelecimentos, especializados em retirada ou entrega, sem oferecer serviços presenciais, apresentam indicadores de desempenho surpreendentes. Com um Custo de Mercadoria Vendida (CMV) de 40%, considerando embalagens, e um Custo de Mão-de-Obra (CMO) de 18%, esses novos modelos de negócio redefinem as métricas tradicionais. O Custo de Ocupação (CO) também teve uma drástica modificação, caindo para 1,8% a 2,5%.
Em resposta a essas tendências, surgiram as cozinhas multimarcas, operações que abrigam diversas opções gastronômicas no mesmo espaço. Este modelo exige um planejamento cuidadoso na estrutura da cozinha para atender à demanda variada, promovendo eficiência e versatilidade.
Outro modelo de negócio inovador que ganhou destaque é a utilização de parte ociosa das operações para impulsionar o faturamento. Marcas como Divino Fogão têm projeto de expansão através de dark kitchens, permitindo que empreendedores comprem a licença da marca para oferecer os pratos através das entregas.

Este modelo, exemplificado pelo Divino Fogão, apresenta uma abordagem de gastronomia do dia a dia, com receitas mais simples, utilizando três marcas distintas para maximizar o potencial de receitas no delivery.
A mensagem para quem deseja prosperar no setor de foodservice é clara: manter-se aberto às tendências do mercado, estudar o setor constantemente e buscar conhecimento são imperativos para reduzir riscos e obter sucesso nos resultados.
A revolução do delivery não é apenas uma mudança na forma como as refeições são entregues, mas uma transformação profunda nas estratégias empresariais, exigindo adaptação constante para acompanhar o ritmo acelerado desse novo paradigma.