Desde o dia 14 de março o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, decretou estado de alarme devido à pandemia do novo coronavírus, fechando bares e restaurantes do país.
O setor de hotelaria (incluindo alojamentos, bares e restaurantes) da Espanha movimenta 124 bilhões de euros ao ano, o que equivale a 6,2% do PIB nacional, empregando 1,7 milhões de pessoas.
Um estudo do impacto do Covid-19 publicado pela consultoria Bain & Company and EY prevê um faturamento de 40% a menos em 2020, o que ocasionará perda de 200 mil empregos.
O plano de “desconfinamento”, inaugurado em 2 de maio, permitiu a reabertura dos terraços de bares e restaurantes, com 50% da capacidade desde a primeira fase.
Um manifesto lançado pela Euro-Toques (associação internacional de cozinheiros, presidida por Andoni Luis Aduriz) no final de abril cobra do governo “empatia, rigor e coordenação” nas medidas que deverão ser aplicadas no setor para fazer frente à crise de saúde pública. Esse manifesto foi reproduzido em um vídeo que teve a participação de grandes chefs, como Ferran Adrià, Juan Mari Arzak, Eneko Atxa.
Não diferentemente dos restaurantes brasileiros, os restaurantes espanhóis se preparam para reabrir de forma gradual.
As medidas sugeridas pelo Basque Culinary (escola de cozinha mais renomado do país) em parceria com a Euro-Toques e diversos especialistas em segurança alimentar devem ser analisadas pelo governo.
Uso de máscara obrigatório pelos funcionários, a troca completa de toalhas a cada serviço, eliminação de elementos decorativos da mesa e o fim do cardápio de papel, são alguns exemplos de medidas sugeridas.
No Disfrutar comandado pelos chefs Oriol Castro, Mateu Casañas e Eduard Xatruch, restaurante posicionando entre os 10 melhores do mundo e premiado com duas estrelas no guia Michelin, já começou a se adaptar às novas condições sanitárias. Oriol Castro fala sobre as obras já em andamento:
“Já estabelecemos uma separação de dois metros entre as mesas e estamos pesquisando divisórias de metacrilato para isolar a cozinha da passagem dos clientes, sem impedir que vejam toda a equipe trabalhando […] Também teremos dispensadores de álcool em todas as mesas e colocaremos um tapete na entrada que permite a desinfecção dos pés.”
A crise do coronavírus também atrasou os planos do renomado catalão Ferran Adrià, pois tinha a previsão de abrir o seu novo projeto, elBulli1846, no primeiro semestre deste ano. O chefe não arrisca uma nova data de abertura, porém surpreendeu seus seguidores no Twitter ao voltar a pilotar o fogão para compartilhar uma série de receitas em vídeos no embalo de outros chefs célebres, como o Jordi Cruz, irmãos Torres, Nandu Jabany.
O filho caçula de Adrià, em 2017, lançou o seu projeto mais ambicioso, o Enigma. Este restaurante ocupa 500 metros quadrados, tendo capacidade apenas de 24 clientes por turno que são atendidos por 30 funcionários.
Os clientes chegam em pequenos grupos em horários escalonados, para que, assim, nunca haja mais de seis pessoas na mesma etapa da jornada. “É uma mudança de paradigma através da revolução no espaço”, definiu Ferran Adrià na época da inauguração.
Com três anos de antecedência, Albert pode ter inventado o restaurante ideal pós – pandemia.