O casal, chefes e proprietários do restaurante Bar da Onça, a Casa do Porco Bar, Sorveteria do Centro e a casa do cachorro quente Hot Pork decidiram fechar seus estabelecimentos devido à pandemia do novo coronavírus antes mesmo do governador do estado de São Paulo impor o fechamento do comércio e serviços.
Após mais de 10 semanas dos estabelecimentos fechados, o casal está preste a lançar um inédito serviço de delivery antes de abrir a casa novamente ao público, uma decisão que eles falaram que não tem data prevista.
O delivery irá funcionar em uma operação que une todas as casas, a princípio com uma equipe reduzida, com colaboradores que moram perto ou que possam ir de carro.
O casal afirma que esse novo modelo teve que ser gerido como se fosse um novo negócio, mesmo já tendo a experiência de entregas do Hot Pork e de alguns pratos d’A Casa do Porco, porém o seu foco não era o delivery, diferentemente de agora.
Os chefes acreditam que, após esse período que as pessoas estão mais em casa, irá ocorrer uma procura maior pela comida afetiva, nostálgica, que trazem conforto.
“Vivemos um tempo que precisamos mais que nunca de humanidade, e a comida pode trazer isso”
O menu de delivery do Bar da Onça segue nesse caminho, o que não é de se estranhar, já que os pratos sempre foram voltados para uma comida popular brasileira. O cardápio conta desde um bolinho de espinafre, receita da avó da chef Janaína Rueda, até ao bife de panela e o frango caipira.
Na segunda fase do delivery, a chefe Janaína quer criar receitas de “paneladas”, que seriam comidas mandada para casa dos clientes na própria panela para refeições em família. “É abrir a panela, servir e comer”, explica. Ou, então, grande parte das opções do delivery serão enviadas em embalagens plásticas, que podem ir ao forno, congelador, micro-ondas e serem reutilizadas depois.
Já n’A Casa do Porco, Jefferson Rueda também buscou inspirações familiares para fazer um canellonni de ricota com espinafre e uma lasanha de bolonhesa de porco caipira. No Hot Pork, comer o cachorro quente ganha a opção de reunir a família toda para prepará-los em kits (que inclui pão, salsicha, ketchup, mostarda e tudo para finalizar em casa) de 4 a 12 pessoas.
Os chefes queriam não apenas mandar a comida, e, sim, uma experiência, um presente, com convicção de que delivery de comida não é apenas colocar em uma embalagem e enviar ao cliente.
“Pensei desde o princípio que queria fazer da ‘caixa de comida’ uma ‘caixa de presente’. Aquela sensação boa de quando a gente abre uma caixa cheia de bombons”, explica o chef.
Desta forma, eles desenvolveram todas as embalagens com os fornecedores e ainda criaram peças para entreter os clientes, de porquinhos a figurinhas autocolantes com a cara dos chefes, deixando, assim, aspectos mais lúdicos.
O projeto de delivery não só para o momento de quarentena. “Agora, criamos essa plataforma digital com os vários itens que queríamos vender”. Isso envolve não apenas comida pronta, mas também itens que podem comprar e preparar suas refeições. Isso inclui massas frescas, embutidos, linguiças, banha de porco e pães. Tem também cervejas, coquetéis e cafés, além de doces, brigadeiros e quindins. É possível comprar merchandising do restaurante, como camisetas, livros dos chefes.
Em um segundo momento, Jefferson também planeja vender pela plataforma um kit do açougueiro, que seriam cortes de porco para churrasco, feitos a partir da produção que o chefe mantém no interior.
Segundo o Jefferson o mercado de delivery veio para ficar, porém não irá tirar o espaço dos restaurantes
“Delivery não vai tirar o lugar dos restaurantes, como muitos acreditam. Ele vai brigar com o supermercado, na verdade, com os produtos que se pode comprar nas gôndolas, dos ingredientes à comida pronta[…] O restaurante vai continuar sendo um local de experiência, de comer, ser servido e sair feliz. O que estamos vendo é uma nova forma de se relacionar com o cliente, de entrar na casa dele”, conclui.