A bebida gelada mais famosa dos finais de semana, foi a suposta causa das mortes de 12 pessoas em Belo Horizonte.
A cerveja em questão, seria a Belorizontina, do grupo Backer, que entregou nessa quinta-feira (16) à Polícia Civil de Minas Gerais, um vídeo que supostamente comprova que a empresa teria sido alvo de sabotagem. Detalhes sobre o vídeo não foram divulgados para não atrapalhar as investigações, informou a corporação. A sabotagem seria na composição do monoetilenoglicol, usado pela Backer. Na substância usada na empresa, nas amostras de cervejas e na água da fábrica foram identificados o dietilenoglicol.
O balanço mais recente da Secretaria de Estado de Saúde, divulgado nesta terça-feira (14) apontava 17 casos suspeitos de intoxicação, sendo 16 homens e uma mulher. Os diagnósticos são para 12 moradores de Belo Horizonte; os restantes são de Ubá, Viçosa, São Lourenço, Nova Lima e São João Del Rei.
Durante o processo desde a confirmação da presença dos agentes tóxicos na bebida, a diretora da cervejaria Backer, Paula Lebbos, orientou os consumidores a não beberem a cerveja Belorizontina.
A mesma orientação foi dada ao rótulo da bebida “Capixaba”, nome dado ao mesmo produto no Espírito Santo. A CEO destacou que a indicação não é apenas dos lotes contaminados e sim de todas as garrafas. A diretora destacou, ainda, que a companhia contratou um consultor particular para verificar os processos de produção da cerveja.
Visivelmente abalada, Lebbos disse que a “família Backer” está assustada com os acontecimentos e pede para os consumidores não julgarem o mercado de cerveja artesanal pelo que aconteceu com a empresa. O grupo chegou a divulgar diversos comunicados em seu perfil de Instagram, assim como vídeos de esclarecimentos sobre o ocorrido.
Ainda sobre o vídeo de sabotagem que a empresa alega ter sofrido, a Juíza federal substituta Anna Cristina Rocha Gonçalves, diz em sua decisão:
O pedido para retomar a produção na fábrica foi aceito parcialmente pela juíza. Ela determinou nesta quinta-feira (16) de forma liminar a reabertura da fábrica da Backer, em Belo Horizonte. O local foi interditado na última sexta-feira (10) pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa). A juíza determinou uma série de medidas.
A juíza ainda definiu uma série de medidas que devem ser tomadas por empresa e ministério. A venda das cervejas segue proibida.
Na decisão, a magistrada endossa o recolhimento de todas as cervejas das marcas Belorizontina e Capixaba e também dos lotes de outros rótulos indicados como contaminados pelo Ministério da Agricultura.
A juíza ainda autoriza que a Backer volte a envasar garrafas de cervejas nos tanques não lacrados na fábrica referente a outros rótulos produzidos pela Backer, exceto Belorizontina e “Backer”.
Na mesma decisão, a justiça estipulou prazo de 48 horas para que o Ministério da Agricultura comece a apresentar análise laboratorial dos tanques de cerveja ainda não periciados. “Observando a ordem de fabricação do produto, da mais antiga para a mais recente, de modo a evitar o perecimento dos produtos que testarem negativo para qualquer dos agentes contaminantes, os quais serão liberados para envase”.
Para voltar a comercializar as cervejas engarrafadas a Backer precisará constatar que elas estão livres de contaminação.
Entendendo o caso e a Investigação
No início do caso, quando as primeiras vítimas apareceram, pensou-se que fosse uma doença misteriosa que atacasse somente aos homens, em que até então, era o único gênero que dera entrada nos hospitais.
Mas as investigações mostraram nesta quinta-feira, segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que foi identificado a presença de monoetilenoglicol e de dietilenoglicol (agentes anticongelantes) em mais seis marcas de cervejas produzidas pela mineira Backer, totalizando oito rótulos contaminados. Desde então, uma força-tarefa investiga a relação do produto químico com a síndrome nefroneural. A fábrica da Backer foi interditada pelo Ministério da Agricultura. O Órgão federal também determinou o recolhimento de todas as cervejas e chopes produzidos pela companhia desde outubro passado.
Também foram encontrados vestígios das substâncias tóxicas nas marcas Capitão Senra, Pele Vermelha, Fargo 46, Backer Pilsen, Brown e Backer D2.
Ao todo, segundo o ministério, 21 lotes estão contaminados das oito cervejas produzidas pela Backer.
Sintomas
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia e sua regional, a intoxicação por dietilenoglicol, evolui em diferentes fases.
Inicialmente, surgem sintomas gastrointestinais, como náuseas, vômitos e dor abdominal. Depois, na segunda fase, que ocorre cerca de 48 horas após a ingestão da substância, há a manifestação de insuficiência renal aguda, o que faz a pessoa procurar atendimento médico.
A fase neurológica, que surge com 5 a 10 dias de doença, se caracteriza por perda visual, paralisia facial e degeneração das fibras musculares, podendo causar tetraparesia, desordem que enfraquece os músculos dos quatro membros.
Embora alguns pacientes possam se recuperar por completo, muitos acabam morrendo ou evoluem com lesões renais ou neurológicas permanentes.
Não há estabelecida uma dose mínima que seja considerada tóxica e, portanto, todas as pessoas que foram expostas à substância e apresentarem os sintomas devem procurar atendimento médico.