Uma almôndega gigante, feita com carne cultivada em laboratório, vem chamando a atenção do mundo pelo fato dela vir do mamute, um animal extinto há milhares de anos.
O que é a carne cultivada
Chamada de carne cultivada, carne de laboratório ou clean meat é a carne produzida em laboratório através da bioengenharia, que utiliza uma amostra do material genético do animal, sem acontecer o abate, e a transforma em massa de célula (“carne”).
Está área evolucionária da bioengenharia busca inovar as formas convencionais de produção de alimentos de origem animal, com o objetivo de reduzir o número de abates e criar um sistema alimentar global mais sustentável e ético.
Fruto de 5 anos de pesquisa, em 2013, foi apresentado pelo biólogo holandês Mark Post, professor da Universidade de Maastricht, o primeiro “hambúrguer de laboratório”, feito a partir da reprodução de células-tronco bovinas, financiado por Sergey Brin, cofundador do Google.
Ele conquistou bastante cobertura da mídia e chamou a atenção de investidores. Desde então vem surgindo outros investimentos na área, atualmente, quase US$ 3 bilhões já foram investidos em mais de 150 startups que buscam desenvolver a carne cultivada, de acordo com o Instituto Good Food.
A criação de animais para o abate destinado à alimentação humana é uma atividade de grande questionamento moral com o sofrimento dos animais, e que causa grandes impactos ambientais.
De acordo com a FAO GLEAM, a pecuária é responsável pela emissão acima de 14,5% de gases do efeito estufa (GEE). Estudos mostram que a produção carne artificial emite menores quantidades de GEE e demandam pequenas áreas de produção quando comparada aos métodos tradicionais.
O consumo mundial de carne quase dobrou desde o início dos anos 1960, segundo números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês). Com a previsão de que esse consumo ainda aumente 70% até 2050, os cientistas buscam alternativas como a carne vegetal ou a cultivada em laboratório.
Trouxemos um outro artigo falando sobre o aumento da procura por produtos plant-based (à base de plantas).
Almôndega gigante com carne de mamute
Dez anos depois da divulgação da primeira carne desenvolvida em laboratório, no dia 28 de março, 2023, foi apresentado por cientistas, entre eles o Mark Post, em Amsterdã, uma almôndega de carne cultivada em laboratório pela Vow, uma das startups da área, através de materiais genéticos de um mamute lanoso, extinto há mais de 4 mil anos.
Ela está em exposição juntamente com o primeiro hambúrguer criado em laboratório na pequena cidade de Leiden, na Holanda.
“Nós não tínhamos toda a sequência do DNA do mamute, então nós completamos as falhas com o DNA do elefante africano, que é o animal vivo mais próximo dele. Assim que a gente conseguiu completar o genoma foi possível fazer com que essas células se replicassem, até que você tenha a carne usada para essa almôndega. Nós criamos essa almôndega sem ter nenhum mamute vivo. Você só precisa da informação genética”.
Bas Korsten, diretor de criação da agência Wunderman Thompson. Fonte: Reprodução.
“Escolhemos a carne de mamute lanoso porque é um símbolo de perda, extinto pelas mudanças climáticas anteriores”.
AFP Tim Noakesmith, cofundador da Vow. Fonte: Reprodução.
A carne de mamute criada ainda não está pronta para ser consumida: a proteína com milhares de anos ainda deve passar por testes de segurança antes de poder ser consumida pelos seres humanos da atualidade.
O tema carne de laboratório ainda divide muitas opiniões prós e contras, em relação a biossegurança, a concentração de investimentos e fato de utilizar o material genético de animais extintos para as pesquisas.
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